Por: Felipe Alves
Em 13 de maio de 1888, a Lei Áurea marcou o fim formal da escravidão no Brasil. Coincidentemente, o século XIX também foi palco de uma revolução tecnológica: o surgimento da fotografia. Em 1839, Louis Daguerre apresentou o daguerreótipo, a primeira câmera fotográfica prática, que usava placas de cobre prateado e vapores químicos para registrar imagens após exposições de até 15 minutos.
No Brasil, o daguerreótipo chegou apenas quatro meses após seu lançamento na França, trazido pelo abade Louis Comte em 1839. Dom Pedro II, um entusiasta da tecnologia, adquiriu um exemplar em 1840 e usou a fotografia para documentar paisagens, obras públicas e até a vida cotidiana do Império, incluindo registros de escravizados – imagens que hoje são documentos cruciais para entender a história brasileira.
Curiosidade: Fotografias do período mostram senhores de escravos posando com cativos vestidos, uma tentativa de projetar “civilização”, mas que revelam a brutalidade da hierarquia social.
Enquanto a Lei Áurea libertava os escravos, a fotografia iniciava sua própria libertação tecnológica. Em 1888, George Eastman lançou a Kodak No. 1, uma câmera portátil com filme em rolo, que permitia 100 fotos sem necessidade de revelação imediata. O slogan era: “Você aperta o botão, nós fazemos o resto”.
Essa inovação tornou a fotografia acessível à classe média, contrastando com o daguerreótipo, restrito a elites. No Brasil, câmeras como a Kodak popularizaram registros urbanos, como as transformações do Rio de Janeiro pós-abolição, e imagens de imigrantes europeus que substituíram a mão de obra escravizada.
Se no século XIX uma foto exigia minutos de imobilidade, hoje smartphones capturam imagens em nanossegundos. A transição do analógico para o digital, consolidada nos anos 1990, eliminou custos com filme e revelação, permitindo que qualquer pessoa documente sua realidade – um contraste radical com a era imperial, onde a fotografia era instrumento de poder.
Exemplo: Enquanto câmeras digitais como a Canon EOS R6 (2020) oferecem resolução de 45 MP, o daguerreótipo produzia imagens únicas, sem possibilidade de cópia. A democratização permitiu que comunidades periféricas, antes invisíveis, registrassem suas próprias narrativas.
A fotografia foi essencial para construir a imagem do Brasil Império. Dom Pedro II encomendou registros de obras como a Estrada de Ferro D. Pedro II (atual Central do Brasil) e de expedições científicas, enquanto fotógrafos como Augusto Stahl documentaram indígenas e negros sob encomenda de cientistas europeus, muitas vezes para reforçar teorias racistas.
Hoje, plataformas como Instagram e arquivos digitais preservam milhões de imagens, democratizando não só a captura, mas também a preservação da memória. Em contraste, daguerreótipos originais do século XIX são raridades valiosas – um exemplar foi vendido por € 732 mil em 2010.
A evolução das câmeras reflete mudanças sociais. Se no século XIX a fotografia era um símbolo de status, hoje é uma ferramenta de expressão global. A Lei Áurea, apesar de não garantir direitos aos libertos, coincidiu com um período de inovações que, anos depois, permitiriam que a população negra registrasse sua própria história – algo impensável na era dos daguerreótipos.
Para Reflexão:
Olá! Me chamo Felipe, sou formado em Marketing e apaixonado pelo mundo das Câmeras, Design e edições. Meu objetivo é te ajudar na hora de tomar uma decisão para que seja sempre assertiva!
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